Afinal, o que é ser um bom líder?

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Escrito por

Marina Pinho

Communication Manager

No mercado cada vez mais disruptivo dos dias de hoje, todos os fatores contam para a retenção do bem mais procurado pelas grandes empresas: o capital humano. Somam-se as histórias de equipas de trabalho que se desintegram com a simples mudança do seu líder. Mas, então, o que leva um líder a ser tão indispensável e como é que se podem detetar os melhores profissionais para assumirem esta posição? 

Num estudo realizado em 2017, 42% das empresas inquiridas apontaram o desenvolvimento da liderança (“leadership development”) como sendo um fator muito importante para o seu sucesso, continuando a ser, no entanto, um dos maiores desafios das mesmas. Por todo o mundo, as organizações gastam cerca de 356€ biliões de euros em programas e esforços para desenvolverem os seus líderes, que acabam por não ser tão eficazes como esperavam. Hoje em dia, os líderes que se queiram destacar pela positiva necessitam de possuir um conjunto de características diferentes dos das gerações anteriores.  

Mindset

O mindset de um líder representa as lentes mentais através das quais a informação recebida é processada, ditando a forma como este agirá perante determinadas situações. Este conceito explica o porquê de dois líderes agirem de forma diferente perante duas situações similares. Um pode olhar para a situação X como uma oportunidade de melhoria e outro como uma ameaça. Segundo Ryan Gottfredson e Chris Reina, os mindsets mais eficazes que um líder pode adotar são:

Mindset fixo e de crescimento  (“Growth and Fixed Mindsets”):

Um líder com um mindset fixo acredita que as pessoas não conseguem mudar os seus talentos, capacidades e inteligência, enquanto que o que possui um mindset de crescimento acredita no oposto. A literatura aponta para este último como sendo aquele que potencia melhores resultados, pois estes líderes possuem maior capacidade para lidarem com desafios, aceitarem feedback e adotarem estratégias de resolução de problemas eficazes. 

Mindset de aprendizagem e de desempenho (“Learning and Performance Mindsets”):

O primeiro envolve estar motivado para aumentar continuamente as suas capacidades e se desenvolver pessoalmente. Já o segundo refere-se ao estar mais interessado em ser favoravelmente classificado quanto ao seu desempenho, isto é, ser visto como um bom profissional. Os líderes que possuem o primeiro tipo de mindset encontram-se mais preparados para aumentarem as suas competências, serem mais persistentes, estarem aptos a cooperar e a terem melhor desempenho, no geral. 

Mindset deliberativo e de implementação (“Deliberative and Implemental Mindsets”):

Aqueles que possuem um mindset deliberativo têm uma maior abertura para todos os tipos de informações e procuram certificar-se que tomam as melhores decisões possíveis. Já os que possuem um mindset de implementação não têm esta recetividade a novas ideias, pois encontram-se mais focados em implementarem as suas decisões. Os primeiros acabam, neste sentido, por ser mais eficazes na tomada de decisão, uma vez que são mais imparciais  e ponderados. 

Mindset de promoção e de prevenção (“Promotion and Prevention Mindsets”):

Os primeiros encontram-se mais focados em ganhar e em conseguir atingir determinados objetivos, enquanto os segundos procuram evitar problemas a todo o custo. Desta forma, os líderes com ummindset de promoção tendem a ser mais positivos, abertos à mudança e persistentes quando enfrentam problemas, o que, consequentemente, se reflete na obtenção de  melhores resultados. 

Inteligência Emocional 

Não sendo um conceito novo, a Inteligência Emocional (IE) tem ganhado cada vez mais atenção por parte de investigadores, profissionais e organizações. Salovey e Mayer cunharam o termo em 1990 e definiram-no como sendo a capacidade para monitorizar e identificar as emoções próprias e dos outros, e para saber usar essa informação como guia na tomada de decisão e ações. De acordo com Daniel Goleman, não descartando a importância do Quociente de Inteligência (QI), a Inteligência Emocional tem um maior impacto na formação de um grande líder. Outros estudos chegaram a uma conclusão semelhante, o nível de IE de um indivíduo é um factor chave para se ser um líder eficaz.

Mas como melhorar a IE? Através do desenvolvimento destes cinco componentes

Autoconhecimento

Capacidade para reconhecer, compreender e afetar os outros através das nossas emoções, humor e motivação. 

Auto-regulação

Capacidade para controlar e redireccionar impulsos disruptivos, isto é, pensar antes de agir. 

Motivação

Trabalhar por razões que vão além do dinheiro e estatuto, ou seja, ter paixão pelo que se faz. 

Empatia

 Capacidade para compreender e tratar os outros consoante as suas emoções. 

Capacidade social

 Proficiência na construção e gestão de relações interpessoais. 

liderança

A junção do Mindset correto com uma Inteligência Emocional desenvolvida, permite que o bom líder seja capaz de: 

Reconhecer as nossas forças e ver o que nem sempre é perfeitamente visível: 

Um líder eficaz consegue perceber o potencial de cada um, mesmo que essa pessoa ainda não se tenha apercebido que possui determinadas capacidades e motivá-los a desenvolverem-nas. A Psicologia apelida este fenómeno, em que as expectativas que alguém tem sobre o nosso desempenho contribuem para uma melhoria efetiva do mesmo, de Efeito Pigmaleão

Compreender e atender às nossas necessidades, tendo como foco o objetivo final: 

De acordo com Tony Schwartz, autor do popular livro The Way We’re Working Isn’t Working, os líderes que se destacam pela positiva compreendem que a forma como tratam as pessoas que os rodeiam no dia a  dia, tem uma profunda influência sobre o desempenho das mesmas. Estes focam-se em atender às necessidades base de cada um - físicas, emocionais, mentais e espirituais - ajudando os seus colaboradores a desenvolverem continuamente as suas capacidades. 

Definem objetivos específicos e concedem autonomia no cumprimento dos mesmos: 

Um bom líder deverá saber guiar, definir objetivos e motivar os membros da sua equipa a atingi-los. O estabelecimento de objetivos e prioridades nem sempre é uma tarefa simples, no entanto, é das mais importantes. Paralelamente, um bom líder confia no trabalho da sua equipa e, por isso, concede um grau de autonomia desejável para que a mesma se possa expressar de forma criativa e acrescentar valor. 

Em suma, os líderes de hoje não podem apenas mandar, controlar e esperar resultados. Têm de saber adaptar-se à realidade exigente em que vivemos, desenvolvendo a capacidade de aprendizagem contínua e motivando os membros das suas equipas a fazerem o mesmo. Escolher o Mindset correto e desenvolver a Inteligência Emocional de cada um, poderá ser um passo em direção à adoção de um estilo de liderança mais eficaz.