Quão produtivo foste hoje? Esta pergunta aparentemente simples, tem muito que se lhe diga. De uma forma geral, produtividade significa ooutput total de uma hora de trabalho. Contudo, como é que contabilizamos o produto de um segurança ou até de um cientista, por exemplo? Aqui começamos a complicar. A palavra produtividade parece ter assumido o estatuto de buzzword, potenciada por um conjunto de profissionais prontos a nos ajudarem a riscar mais tarefas das nossas intermináveis listas. Contudo, com a carga de trabalho que o mundo pós-pandemia (se já o podemos chamar assim) exige, será que está na hora de redefinir o que é ser produtivo?
Nos últimos séculos a produtividade sempre aumentou com a implementação de melhores sistemas de trabalho. A introdução das linhas de montagem na indústria automóvel é um exemplo de como um sistema veio melhorar a produtividade de um grupo de pessoas. Aqui o foco estava no sistema e não no indivíduo. No entanto, a ascensão dos trabalhadores de colarinho branco levou a que a produtividade, pela primeira vez, fosse um assunto pessoal.
Implementar um novo sistema de trabalho funcional é uma tarefa extremamente complexa. As empresas têm de investir significativamente e desenvolver novas ferramentas e mecanismos que permitam acelerar a produção de determinado produto no mesmo espaço de tempo. Atualmente, pedimos aos trabalhadores intelectuais que continuem a produzir mais nas suas "fábricas", metaforicamente falando. Contudo, o impacto psicológico que esta individualização acarreta, têm-se revelado cada vez mais prejudicial para os profissionais, principalmente para aqueles que se classificam como perfeccionistas.
Na definição clássica de produtividade a ideia principal é: more is always better (mais é sempre melhor). Quando pedimos a um profissional para aumentar a sua produtividade, este pensamento de “mais = melhor” implica que este estenda o seu dia de trabalho e comece a interferir com as restantes horas da sua vida que normalmente são dedicadas à família ou até ao lazer. Com o trabalho remoto ou híbrido, situações destas passam a ser o normal. Em vez de trabalharem 8h diárias, trabalham 16h espaçadamente. Por esta razão, cada vez lemos mais testemunhos reais de burnoutque atingem especialmente o millennials.
Mas então, como podemos contornar esta situação, continuando a ser produtivos sem comprometer a nossa saúde mental? Partilhamos algumas dicas sobre como evitar esta situação.
Não tenhas medo de classificar uma tarefa como menos importante
Muitas vezes sentimos dificuldades em definir uma decisão como menos prioritária, pois tendemos a querer fazer tudo. Se algo corre mal, sentimos uma grande frustração e como forma de evitar esse sentimento, tendemos a querer controlar as situações. Esta mentalidade facilmente conduz a que sejamos inundados por tarefas que facilmente podem ser delegadas ou tratadas mais tarde. Deves pensar o seguinte: quando uma decisão não é importante, o melhor a fazer é decidir rapidamente ou delegar.
Limita o número de reuniões
Há muito que o tema das reuniões suscita debate entre aqueles que são a favor delas e aqueles que acham que são uma perda de tempo. Contudo, o certo é que cada reunião implica um grande gasto de tempo e disponibilidade que podem ser usados noutras tarefas. Uma boa estratégia será apenas reunir quando existe uma verdadeira necessidade de as pessoas estarem presentes, como numa reunião mais estratégica ou informativa.
Por outro lado, as reuniões são também um bom momento para fortalecer laços, principalmente para quem se encontra em trabalho remoto. Desta forma, também têm um papel importante e devem inclusive ser potenciados momentos de descontração para que as pessoas se possam relacionar de uma forma mais relaxada.
Não tens sempre de dar o teu máximo
É normal gostarmos de superar as expectativas daqueles que nos rodeiam, contudo, é quando tornamos isso o nosso “modus operandi” que os problemas começam a surgir. Aqueles que se descrevem como perfeccionistas são os mais suscetíveis a cair neste problema, pois creem que se não derem sempre o seu máximo significa que não estão a fazer o suficiente.
A solução poderá passar por, em primeiro lugar, identificar este padrão de pensamento e pensar naquilo que estão a afetar negativamente, como a saúde, tempo com a família ou para outros objetivos de vida. Adicionalmente, é importante conseguires filtrar as situações em que é de facto benéfico ou necessário dares o teu máximo e tentar relaxar nas outras.
Escolhe uma metodologia de trabalho mais eficaz
Como vimos anteriormente, quando a produtividade dependia dos sistemas de trabalho adotados, o trabalhador não via cair em si a responsabilidade de fazer mais e mais. É, por isso, necessário voltarmo-nos a focar em adoptar metodologias que nos ajudem a reduzir o stress através de uma maior organização, melhor tomada de decisão e que produzam resultados com maior qualidade e não quantidade.
Se olharmos para o IT, a metodologia Agile veio fazer precisamente isso. Não levou a que os programadores tivessem de deixar de programar bem, mas aliviou-os da pressão de saberem se devem estar a programar ou se fizeram já o suficiente. Os profissionais devem-se preocupar em fazer bem o seu trabalho, passando a responsabilidade da organização aos sistemas de trabalho.
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